segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

ASPECTOS HISTÓRICO-LEGAIS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA BRASILEIRA

 

A primeira instituição oficial alusiva à educação especial implantada no Brasil, de acordo com Januzzi (2004), foi o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, inaugurado no ano de 1854, ainda durante o período imperial brasileiro, pelo imperador D. Pedro II, auxiliado pelo ministro do Império Couto Ferraz, sendo que em 1981 passou o citado instituto a se denominar Instituto Benjamin Constant – IBC.

Avançando em nossa análise, durante os séculos XVI e XVII evidenciam-se na sociedade brasileira diversas situações de exclusão social das PD’s, aquela promovendo práticas sociais de discriminação para com essas. Foram séculos em que a ignorância e rejeição à PD eram praxe das suas próprias famílias, das escolas, enfim, de toda a sociedade brasileira, que relegavam a PD a uma situação de extremo preconceito e exclusão social.

Dessa forma, as PD’s em geral eram tratadas como verdadeiros doentes anormais, sendo internados em manicômios, orfanatos, prisões e lugares afins, sendo que “[...] na antiguidade as pessoas com deficiência mental, física e sensorial eram apresentadas como aleijadas, mal constituídas, débeis, anormais ou deformadas” (Fernandes, 2005, p.25).

Com o passar do tempo, nos séculos XVIII e começo do XIX, vive-se na sociedade brasileira a fase da “institucionalização especializada”, onde as PD’s continuavam a ser segregadas do convívio social, mas eram confinadas em suas próprias residências, sendo oferecida a elas uma espécie de educação extraescolar, com a desculpa de “proteger” a PD da maldade da sociedade, excluindo-a do contato com as demais pessoas. Consoante Batista (2006), ao mesmo tempo em que surgia a necessidade de escolarização entre a população, a sociedade passa a conceber o deficiente como um indivíduo que, devido suas limitações, não podia conviver nos mesmos espaços sociais que os “normais” – deveria, portanto, estudar em locais separados e só seriam aceitos na sociedade aqueles que conseguissem agir o mais próximo da normalidade possível, sendo capazes de exercer as mesmas funções. Marca este momento o desenvolvimento da psicologia voltada para a educação, o surgimento das instituições privadas e das classes especiais.

Começam a surgir a partir do início do século XX, ainda que de forma incipiente, diversos movimentos sociais, políticos e educacionais, estudiosos, associações e conferências aprofundam as discussões, problematizando os aspectos acerca da inclusão socioeducacional das PD’s, resultando em reflexões diante das práticas educacionais. Assim, conforme expõe Jannuzzi (2004, p. 34):

 

A partir de 1930, a sociedade civil começa a organizar-se em associações de pessoas preocupadas com o problema da deficiência: a esfera governamental prossegue a desencadear algumas ações visando à peculiaridade desse alunado, criando escolas junto a hospitais e ao ensino regular, outras entidades filantrópicas especializadas continuam sendo fundadas, há surgimento de formas diferenciadas de atendimento em clínicas, institutos psicopedagógicos e outros de reabilitação.

 

Nesse ínterim, surgem alguns movimentos sociais de luta contra a discriminação com relação às PD’s, visando a uma sociedade mais inclusiva e justa socialmente, gerando críticas sobre as práticas segregadoras da época, rendendo questionamentos aos tradicionais modelos de ensino ainda em prática e que resultavam em exclusão socioeducacional das PD’s em geral. De acordo com Aranha (1996, p. 15), as principais contribuições se deram pelos seguintes movimentos:

 

·                Centros Populares de Cultura (CPC), que surgem em 1961, espalhando-se por todo o Brasil entre 1962 e 1964; 

·                Os Movimentos de Cultura Popular (MCP) aparecem no ano de 1960, contando com o educador e filósofo Paulo Freire, ícone da educação como direito social no Brasil e no mundo;

·                O Movimento de Educação de Base (MEB), criados em 1961 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB.

 

Em 1964 o golpe militar desarticula esses movimentos, considerando-os subversivos e punindo seus respectivos lideres. Os MEB foram os únicos que continuaram, mas tiveram que mudar a direção de suas atividades e diminuir suas ações.

Entretanto, ainda na década de 60, é promulgada a primeira LDB brasileira, a lei 4.024/61, denominada Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, trazendo em seu bojo textual que os “excepcionais” tinham o direito à educação, preferencialmente integrados no sistema geral de ensino público. De acordo com o Título X (LDBN/1961):

 

A educação dos excepcionais deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na comunidade (...) toda iniciativa privada  considerada eficiente pelos conselhos estaduais de educação, e relativa à educação de excepcionais, receberá dos poderes públicos tratamento especial mediante bolsas de estudos, empréstimos e subvenções.

 

Devido a essas previsões legais da LDB/61, se de um lado constava a integração de todos os alunos com deficiência no sistema educacional público, de outro a citada Lei impunha o incentivo às iniciativas privadas que visassem à inclusão dos alunos com deficiências. Tal fato denota um viés contraditório da LDB/61, distanciando o que estava constante na Lei e o que se observara na realidade social da época, período em que não se efetivaram as políticas públicas de acesso universal à educação, continuando no campo educacional as políticas especiais que tratavam de forma segregatória os alunos com deficiência. 

Na década seguinte, temos a promulgação da nossa carta magna, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, onde se aborda o direito à educação da seguinte forma: Em seu Título VIII (Da Ordem Social), Capítulo III (Da Educação, da Cultura e do Desporto), Seção I (Da Educação), nos Artigos 205, que aborda o direito de todos os cidadãos à “Educação, direito de todos e dever do Estado e da Família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício e sua qualificação para o trabalho” (grifo nosso); e 208, inciso III, onde encontramos que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de “atendimento educacional especializado às pessoas com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”.

Definidas as deficiências, consoante a Lei 7.853, temos importante texto que visa à inclusão social das pessoas com necessidades educacionais especiais estabelecendo normas gerais que asseguram o pleno exercício dos direitos individuais e sociais mesmas, visando sua efetiva integração social. Em seu Artigo 2º, estabelece-se que os órgãos e entidades da administração direta e indireta devem dispensar, no âmbito de sua competência e finalidade, aos assuntos objetos desta Lei, tratamento prioritário e adequado, tendente a viabilizar, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas na área da educação:

 

a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade educativa que abranja a educação precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação e reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências de diplomação próprios;

b) a inserção, no referido sistema educacional, das escolas especiais, privadas e públicas;

c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino;

d) o oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial a nível pré-escolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por prazo igual ou superior a 1 (um) ano, educandos portadores de deficiência;

e) o acesso de alunos portadores de deficiência aos benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive material escolar, merenda escolar e bolsas de estudo;

f) a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino.

 

Em relação a Libras (Língua Brasileira de Sinais), promulgou-se a lei 10436/02, que é a lei que a regulariza e reconhece como um sistema linguístico, com a sua própria estrutura gramatical, sendo a mesma de natureza visual-motora, originada da comunidade de pessoas surdas do Brasil. A mesma ainda destaca as responsabilidades do poder público, da saúde e do sistema educacional, cada um com o seu papel. O primeiro, de divulgar e expandir a Libras, o segundo em atender e promover tratamento adequado ao deficiente auditivo e o terceiro, em agenciar o processo de inclusão fornecendo nos cursos de ensino médio e superior a modalidade Libras a profissionais da educação, constituindo a Libras como disciplina obrigatória em todos os cursos de Licenciatura e Fonoaudiologia. A Lei ainda obriga entidades públicas e privadas a oferecer acessibilidade em Libras, inclusive na internet.

Outras leis nacionais também abrangem a inclusão das PD’s, como o Estatuto da Criança e do Adolescente/ECA (Lei nº 8069/90) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional/LDBEN (Lei nº 9394/96), embora de forma mais difusa e genérica.

Em relação aos instrumentos legais inerentes à construção de uma sociedade inclusiva no âmbito internacional e das quais o Brasil é signatário, cujos decretos já foram promulgados, podem ser arrolados como documentos orientadores da implantação e implementação de políticas públicas adequadas ao processo de inclusão social das PD’s a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), Declaração de Jomtien (1990), Declaração de Salamanca (1994), Convenção da Guatemala (1999), Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – ONU (2006), ratificada no Brasil pelo decreto nº 6949/2009, dentre outras. Essas, têm como princípios:

a) O respeito pela dignidade inerente, a autonomia individual, inclusive a liberdade de fazer as próprias escolhas, e a independência das pessoas;

b) A não-discriminação;

c) A plena e efetiva participação e inclusão na sociedade;

d) O respeito pela diferença e pela aceitação das pessoas com deficiência como parte da diversidade humana e da humanidade;

e) A igualdade de oportunidades;

f) A acessibilidade (inclusive através das TAI’s e internet).

Todas essas legislações e fatos históricos estão relacionados com o atual cenário no tocante à inclusão socioeducacional das PD’s, conforme nos relata Cury (2002, p. 259):

 

A declaração e a garantia de um direito tornam-se imprescindíveis no caso de países, como o Brasil, com tradição elitista e que tradicionalmente reservam apenas às camadas privilegiadas o acesso a este bem social. Por isso, declarar e assegurar é mais do que uma proclamação solene. Declarar é retirar do esquecimento e proclamar aos que não sabem, ou esqueceram, que eles continuam a ser portadores de um direito importante. Disso resulta a necessária cobrança deste direito quando ele não é preservado.

 

Com o exposto, evidencia-se que a inclusão socioeducacional dos surdos advém de um processo histórico que ainda encontra-se em evolução, apesar das conquistas e avanços jurídicos, sociais e tecnológicos, urgindo a necessidade de analisarmos a inclusão dessas Pessoas Surdas no seio da sociedade, através da educação e mediante a utilização das Tecnologias Assistivas Informatizadas.

domingo, 29 de março de 2015

TECNOLOGIAS ASSISTIVAS INFORMATIZADAS

TECNOLOGIAS ASSISTIVAS NA INCLUSÃO SOCIOEDUCACIONAL DOS SURDOS

Quando se refere à inclusão socioeducacional dos surdos, destaca-se o fato de que apenas disponibilizar um computador a esses usuários não é satisfatório. Faz-se necessário utilizar-se de tecnologias assistivas e do conseqüente treinamento dos usuários e educadores visando o efetivo uso dessas ferramentas, para que se chegue à finalidade precípua de se realizar a inclusão dos surdos nos seio da sociedade e com o intuito de que as mesmas sirvam de ponte entre suas habilidades alijadas do seu processo de desenvolvimento como cidadão produtivamente capaz e sua consequente atuação na sociedade. Assim, conforme assevera Valente (1999, p. 21):

O usuário deve desenvolver habilidades, como ter autonomia, saber pensar, criar, aprender a aprender, de modo que possa continuar o aprimoramento de suas idéias e ações, sem estar vinculado a um sistema educacional. Ele deve ter claro que aprender é fundamental para sobreviver na sociedade do conhecimento.

Nesse ínterim, descreve-se a seguir as principais tecnologias assistivas informatizadas disponíveis atualmente no tocante à inclusão socioeducacional dos surdos.

4.1 SW Edit
SW-Edit é um software de editor de textos da língua de sinais, desenvolvido por Rafael Piccin Torchelsen e Antônio Carlos da Rocha Costa, alunos do Centro de Ciências Computacionais da Universidade Federal do Rio Grande – FURG.
O Software é baseado no SignWriting - SW, que é um sistema para a escrita das línguas gestuais, como a LIBRAS. Ela exprime as formas, movimentos e pontos de articulações das mãos, além de marcas não-manuais. O SW não obedece à ordem formal dos demais sistemas de escrita, nem mesmo das línguas orais e foi desenvolvida originalmente pela dançarina dinamarquesa Valerie Sutton, em 1974, sendo não o primeiro, mas o único sistema de escrita para línguas gestuais que até então conseguira representar de maneira eficiente as diversas expressões a contento.

Página inicial do SW Edit.
O Sistema é freeware (licença de uso gratuita) e pode ser baixado gratuitamente no site do desenvolvedor http://rocha.c3.furg.br.

4.2 Rybená

Rybená, que quer dizer “comunicação” na língua dos índios xavantes brasileiros, é o nome adotado pelo Instituto CTS ao nomear sua plataforma de inclusão digital voltada para deficientes auditivos e visuais. Esse nome é utilizado por se tratar de uma tecnologia 100% nacional, e visa à inclusão dos surdos e cegos por meio de uma intermediação informatizada, tornando-se mais uma ferramenta que possibilita a inclusão socioeducacional dos surdos.
Conforme já exposto nesse trabalho, a legislação brasileira vem impondo às empresas que contemplem a inclusão social, educacional e digital das pessoas deficientes, mormente as surdas. Nesse sentido o Rybená se propõe a preencher essa lacuna e ajudar as empresas e demais instituições, inclusive as educacionais, a se adaptarem à legislação vigente e a cumprirem com seu papel social.
De acordo com dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), há cerca de 10 milhões de deficientes auditivos no Brasil, sendo que desses, somente 15%, aproximadamente, entendem de forma corrente e fluente o Português. Tal cenário atinge não apenas a comunidade surda, como também toda a sociedade em que está inserida, pois as pessoas não portadoras de deficiência terminam por também ficarem impossibilitadas de se comunicar com os surdos a contento. Isso acaba se refletindo no acesso à informação, cultura, educação, trabalho, dentre outras áreas, o que exige o desenvolvimento, treinamento e acesso a tecnologias assistivas, como o Rybená, que permite, a título de exemplo, a comunicação entre um surdo e um não deficiente. Tal possibilidade é possível devido à conversão da voz em LIBRAS (para o surdo), feita pelo Rybená. Para tanto, o Rybená estabelece conexão com o seu banco de dados, onde estão armazenadas um conjunto de animações em LIBRAS. Após esse passo de reconhecimento de termos, é transmitido ao celular, tablet ou computador Desktop ou Notebook do receptor a animação em LIBRAS referente à mensagem original. Se o sistema não encontrar a palavra no banco de dados, a mesma será transmitida soletrada em LIBRAS, finalizando a mensagem.


 Aplicativo Rybená.

Assim, o Rybená configura-se como um recurso de tecnologia assistiva que está preparado para funcionar de forma compatível com os principais navegadores (Internet Explorer, Chrome, Firefox, Opera), seja para computadores ou dispositivos móveis. Com tecnologia de ponta, a solução é capaz de traduzir textos do português para LIBRAS e de converter português escrito para voz falada no Brasil, oferecendo às pessoas deficientes a possibilidade do entendimento dos textos na internet. O sistema conta com as seguintes  funcionalidades básicas:
Transformar textos escritos em voz em português;
Traduzir textos em português para Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS;
Não há necessidade de instalação de plug-ins ou recursos adicionais;
Personagem 3D;
Alta qualidade de tradução com controle de velocidade;
Modo inteligente para solucionar ambigüidades lingüísticas;
Cadência e naturalidade na apresentação dos gestos em LIBRAS;
Aparência uniforme do personagem, sendo fácil de instalar e não ocasiona interferência ou necessidades de adequações no site;
O usuário pode selecionar apenas uma palavra, uma frase ou todo o texto para leitura ou tradução;
É aderente aos padrões internacionais do W3C;
Suporta os formatos de texto em HTML, PDF, DOC, dentre outros.
Segue imagem que ilustra o passo-a-passo da conversão para LIBRAS, onde o usuário clica na imagem das mãozinhas (em cima da página do lado direito), seleciona o texto desejado e aguarda alguns segundos, logo após aparecendo a tradução pelo Rybená.
Além desse módulo Web, o CTS disponibiliza o app Rybená, disponível para Android e que encontra-se para download e uso gratuito no Google Play. Dessa forma, de posse de um celular, tablet ou computador configurado com o Rybená, o docente pode utilizá-lo de maneira a permitir uma maior independência do surdo, lançando mão de seus recursos, como por exemplo, repassando o conteúdo da aula em forma de texto e traduzindo-os para Libras pelo software. Nesse processo, o aluno conseguirá apreender o que está sendo passado em sala de aula, conhecer palavras e frases que ainda não conhecia em português, ao mesmo tempo em que se acostuma com a(s) língua(s), ganhando independência e conhecimento.

4.3 ProDeaf

O ProDeaf é uma Tecnologia Assistiva que se constitui em uma plataforma de softwares de tradução de texto e voz na língua portuguesa para Libras, com o objetivo de realizar a comunicação entre surdos e ouvintes.
A primeira tecnologia assistiva da plataforma é o WebLibras, que é um tradutor online de sites que o instalam e passam então a disponibilizar a sua versão acessível em Libras. O site que instala o sistema de tradução para Libras WebLibras passa então a exibir o Artur, simpático personagem 3D, que irá permitir a tradução do site para Libras, tornando-o acessível a milhões de surdos brasileiros que entendem apenas a Libras ou que a compreendem muito melhor que outras línguas, promovendo assim a inclusão digital dos surdos.
Outra tecnologia assistiva da plataforma ProDeaf é o ProDeafWeb, que disponibiliza para o usuário um Tradutor para Libras e um Dicionário Português-Libras, além de uma exclusiva ferramenta para Criar Sinais em Libras. Com o ProDeaf Web o usuário pode aprender a Língua Brasileira de Sinais,se comunicar melhor com os surdos e compartilhar traduções pelo Facebook. Tudo isso pelo computador e totalmente gratuito. Para poder usar a tecnologia, o usuário só precisa ter uma conta no facebook, e instalar um plugin, o UnityPlayer, que é disponibilizado no próprio site do ProDeaf e que é instalado automaticamente depois de poucos cliques. Abaixo a interface do programa.

 Prodeaf Web e seu tradutor de Libras.
Para o caso em que o usuário, que por exemplo pode ser um surdo, ou uma professora em uma sala de aula que queira se comunicar melhor com seu aluno deficiente auditivo, ou até mesmo uma pessoa ouvinte que queira se familiarizar melhor com a Libras, não dispuser de acesso à internet, poderá instalar o aplicativo ProDeaf Móvel, que está disponível gratuitamente para Surdos e Ouvintes. Com esta ferramenta de bolso pode-se traduzir automaticamente pequenas frases de Português para Libras. Também é possível escrever as frases (ex.: "Eu vou à praia amanhã") e as mesmas terão a sua tradução interpretada.
O aplicativo está disponível para download gratuito em aparelhos com Android (via Google Play), iOS (iPhone/iPad) e Windows Phone 8 (via Windows Phone Store).Também faz parte do ProDeaf Móvel o ProDeaf Dicionário de Libras, onde o usuário pode selecionar centenas de palavras em Português e ver sua representação em Libras, interpretada pelo personagem animado em tecnologia 3D. Para baixar o ProDeaf Móvel, basta acessar diretamente do smartphone ou tablet o link http://prodeaf.net ou procurar por ProDeaf na loja de aplicativos de seu aparelho.
Figura 09. Prodeaf Móvel.
Para que o app possa rodar em um notebook ou mesmo desktop com windows instalado como Sistema Operacional, faz-se necessário a instalação prévia de um emulador do Sistema Operacional Android, como o YouWave Android. Após a instalação desse, basta instalar o Prodeaf Móvel normalmente.

4.4 Viável

O Viável é uma Tecnologia Assistiva que se constitui em uma plataforma de intermediação, que faz a tradução em tempo real de texto e voz na língua portuguesa para Libras - a língua brasileira de sinais, com o objetivo de realizar a comunicação entre surdos e ouvintes. Constitui-se em três Tecnologias distintas. O VPad, o Terminal de Informação para Surdos – TIS e o Software para Comunicação para Surdos – SCS.
Quanto ao VPad, ele se assemelha a um tablet, equipado com uma câmera frontal de alta resolução, provido de tela LCD Sensível ao toque, possibilita a comunicação visual em LIBRAS. Os usuários dos sistema Viável permite a comunicação ilimitada com qualquer outro usuário do sistema em qualquer local do país, dando independência ao surdo.

O VPad.
Para funcionar, o VPad precisa de conexão banda larga de internet, podendo ser wifi ou a cabo ethernet. O aparelho funciona com o IP da internet e conta com bateria integrada de grande autonomia, mas que ao descarregar precisa ser recarregada em uma tomada elétrica, sendo bivolt.
O grande atrativo da tecnologia do VPad é que ele se utiliza do SIV – Serviço de Intermediação por Vídeo, serviço prestado pela Viável, que é realizado através de intérpretes profissionais, que dominam plenamente a Libras e possibilitam a comunicação bilateral entre surdos e ouvintes, em tempo real. Tal solução em uma sala de aula é uma verdadeira revolução, pois de posse do VPad, o aluno surdo terá à sua disposição o intérprete que realizará ao vivo a tradução simultânea da aula. O aluno fica independente e conseguirá obter assim um melhor desempenho de aprendizagem. Segue o fluxo esquemático do VPad no caso de uma ligação telefônica intermediada pelo SIV através do VPad:
Outra Tecnologia da Viável é o Terminal de Informação para Surdos – TIS, que é um teminal interativo com tela sencível ao toque e câmera frontal de alta definição, que conta tambem com o SIV - Serviço de Intermediação por Vídeo, serviço prestado pela Viável, que é realizado através de intérpretes profissionais, que dominam plenamente a Libras e possibilitam a comunicação bilateral entre surdos e ouvintes, em tempo real, oferecendo maior autonomia aos surdos.
O TIS possui diversos símbolos indicativos recursais como: comunicação entre o surdo e ouvintes, IS (International Signs – Simbolos Internacionais), chat, microfone, saída de áudio, possibilidade de tradução bilateral Libras-Português e Libras-Inglês. O Terminal da Viável tem como requisitos uma tomada de energia elétrica, uma conexão à internet de Banda larga (podendo ser cabeada ou wireless).
O Terminal poderá ser instalado em vários locais para atender à comunidade surda, seja em bibliotecas, corredores, entradas de instituições para prestação de informações em geral, dentre outras aplicações.
A Viável também disponibiliza um aplicativo que é compatível com diversas plataformas computacionais, como smartphones, tablet’s, desktop’s e notebooks, com versões para Android, Ios, Windows e Linux, bastando que tenham câmera integrada e internet disponíveis. Através da instalação desse software no dispositivo, o surdo contará com a possibilidade de ter acesso ao SIV – Serviço de Intermediação por Vídeo, contando então com tradução em tempo real em Libras no local onde estiver e assim poder desencolcer normalmente suas atividades, sejam sociais, educacionais, pessoais ou profissionais.
Os serviços da Viável são pagos e cobrados através de mensalidades ou de créditos por acesso ao sistema SIV.

4.5 Nambiquara
Nambiquara, que é o nome de uma tribo indígena brasileira, também nomeia uma tecnologia assistiva desenvolvida em terras tupiniquins. Trata-se de um smartphone equipado com um software voltado para os surdos, que dá a eles a possibilidade de realizar chamadas telefônicas para fixo ou celulares, sem a necessidade de intermediação humana. A tradução dá-se bidirecionalmente entre a mensagem de texto (SMS) digitada pelo usuário surdo, que é automaticamente traduzida para voz em português, pelo servidor do Nambiquara, que então é repassada aos ouvintes, que escutam a mensagem e falam normalmente, tendo novamente sua fala transformada em texto, estabelecendo assim a comunicação entre surdos e ouvintes.

O Nambiquara.
Com o objetivo precípuo de proporcionar acessibilidade, autonomia, mobilidade e facilidade aos surdos, a tecnologia assistiva Nambiquara pode ser utilizada em um contexto educacional, onde o professor fala em um aparelho com o sistema e o aluno recebe o conteúdo explanado através de mensagens em seu Nambiquara, apreendendo assim toda a matéria escolar. O serviço também permite à comunidade surda realizar chamadas para serviços de emergência, como bombeiros, polícia e ambulância, além de outras possibilidades como serviços bancários, restaurantes, dentre outros.
 O projeto Nambiquara é patrocinado pela Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco e tem como executor o SOFTEXRecife, que é uma empresa de desenvolvimento de tecnologia nacional, instalada no Porto Digital de Recife. O aplicativo só funciona em conjunto com os servidores do projeto, inicialmente na Região Metropolitana do Recife e foi disponibilizado a cerca de 300 surdos pernambucanos, pela prefeitura de Recife, sendo um sucesso imediato nos âmbitos social, educacional e humano.

4.6 Hand Talk

Citamos agora uma Tecnologia Assistiva Informatizada genuinamente brasileira, mas que já é reconhecida e utilizada em nível mundial: o Hand Talk (mãos que falam). Essa inovadora tecnologia ganhou o prêmio de melhor aplicativo do mundo na área de inclusão social, concedido pela ONU em 2014. Desenvolvido pelos empreendedores alagoanos Ronaldo Tenório, Carlos Wanderlan e Thadeu Lu, o aplicativo converte em tempo real conteúdos em texto e voz para a linguagem de sinais para surdos – Libras.
O Hand Talk possui duas versões: a primeira é um aplicativo gratuito para dispositivos móveis, disponível para IoS e Android, onde o usuário pode realizar o download e fazer a instalação através da loja de aplicativos diretamente do aparelho, funcionando com ou sem internet, embora nesse caso com menos recursos de tradução. Já a segunda versão é um plugin que os desenvolvedores integram nos sites para que os mesmos passem a disponibilizar uma janela que possibilitará ao usuário traduzir o conteúdo para Libras.


Aplicativo Hand Talk.
O aplicativo conta com uma interface limpa e bastante intuitiva. Quem aparece fazendo as traduções que o usuário solicita é o personagem Hugo, que é modelado em 3D e possui diversas formas de configuração que influem na interface, como os modos “lesma”, em que os movimentos de Hugo são executados de forma mais lenta e o “coelho”, em que o personagem se move mais celeremente. Na parte inferior da tela, aparecem os botões lápis, em que o usuário pode digitar um texto que será então automaticamente traduzido pelo Hugo; clicando no botão microfone o usuário tem a opção de poder ditar o que quer que seja traduzido pelo aplicativo, sendo que acessando o botão câmera a pessoa pode tirar uma foto de um texto com a câmera fotográfica do aparelho, que então a reconhecerá digitalmente e apresentará a referente tradução em Libras. Também consta na barra de botões o histórico de traduções, que possibilita ter acesso às traduções feitas recentemente, podendo reutilizá-las no todo ou em parte. Ressalta-se as possibilidades que essa ferramenta pode trazer para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, onde o aluno surdo, ao utilizar a tecnologia, ganhará em autonomia, independência e apreensão de conhecimento; podendo, por exemplo, tirar fotos das atividades constantes nos livros para que possa ter as mesmas traduzidas para Libras. Quanto ao docente, aumenta sua liberdade de comunicação com o surdo e traz novas probabilidades didáticas, como disponibilizar previamente ao aluno surdo os textos para que ele mesmo faça as traduções ou falando no aplicativo para que o mesmo possa ser traduzido.
O plugin para sites permite que se disponibilize ao usuário um botão (as “mãozinhas), que possibilitará ao usuário traduzir trechos para Libras, tudo através de uma exclusiva janela onde aparece o Hugo.

4.7 Catai

O Catálogo das Tecnologias Assistivas Informatizadas – CATAI – é o resultado desse trabalho. É disponibilizado em formato .apk aqui. É um aplicativo compatível com sistemas Android, que equipam a maioria dos dispositivos móveis atualmente, mas que também pode ser utilizado em ambientes Windows, utilizando-se um emulador de Android, como o Youwave.

Tela Principal do Aplicativo CATAI.
Assim, evidenciaram-se aqui as principais Tecnologias Assistivas Informatizadas que encontram-se disponíveis atualmente e que visam a inclusão socioeducacional dos surdos.

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